Este é um espaço de troca de conhecimento sobre hipertextos e multimodalidade de linguagens.
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
Documentário " Revelando Sebastião Salgado"
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quinta-feira, 20 de novembro de 2014
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
domingo, 19 de outubro de 2014
Memória da aula do dia 08/10/2014.
Nessa aula retomamos as discussões referetes às questões relacionadas ao texto e ao hipertexto para compreender as características fundamentais, tanto de texto quanto às do hipertexto, suas relacões, os seus elementos diferenciadores, as consequencias do hipertexto relacionadas à escrita e autoria, a produção de sentidos em hipertextos multimodais.
Discutimos as contribuições que os autores Braga &Ricarte, Perfetti, Rada, Miall, Rouet & Levonen, Ingedore Coch, Lemke, Vieira e Beaugrande deram para fundamentação do trabalho de GOMES (2010).
Discutimos também o sentido do "HIPER" no hipertexto e a textualidade, intertextualidade do hipertexto.
Falamos sobre os fundamentos da linguistica, letramentos ( uso social da escrita), nível de qualificação dos profissionais cientistas relacionados à area da Linquistica.
Entre tantos assuntos discutidos, o professor Luiz Fernando nos deu várias dicas de como aproveitar melhor os aplicativos do WORD para facilitar a produção de texto acadêmico, hipertexto e outras coisas mais.
Sites sugeridos pelo professor Dr. Luiz fernando Gomes.
http://www.nngroup.com/people/jakob-nielsen/
https://itunes.apple.com/br/app/saraiva-reader/id388188706?mt=8
http://vemprarua.org/
Nessa aula retomamos as discussões referetes às questões relacionadas ao texto e ao hipertexto para compreender as características fundamentais, tanto de texto quanto às do hipertexto, suas relacões, os seus elementos diferenciadores, as consequencias do hipertexto relacionadas à escrita e autoria, a produção de sentidos em hipertextos multimodais.
Discutimos as contribuições que os autores Braga &Ricarte, Perfetti, Rada, Miall, Rouet & Levonen, Ingedore Coch, Lemke, Vieira e Beaugrande deram para fundamentação do trabalho de GOMES (2010).
Discutimos também o sentido do "HIPER" no hipertexto e a textualidade, intertextualidade do hipertexto.
Falamos sobre os fundamentos da linguistica, letramentos ( uso social da escrita), nível de qualificação dos profissionais cientistas relacionados à area da Linquistica.
Entre tantos assuntos discutidos, o professor Luiz Fernando nos deu várias dicas de como aproveitar melhor os aplicativos do WORD para facilitar a produção de texto acadêmico, hipertexto e outras coisas mais.
Sites sugeridos pelo professor Dr. Luiz fernando Gomes.
http://www.nngroup.com/people/jakob-nielsen/
https://itunes.apple.com/br/app/saraiva-reader/id388188706?mt=8
http://vemprarua.org/
terça-feira, 7 de outubro de 2014
GUIA DE LEITURA PARA OS TEXTOS DA AULA DE 24/09/14.
Texto: TEXTO E HIPERTEXTO: O “HIPER” DO HIPERTEXTO E OUTRAS
QUESTÕES
1-
Qual
a motivação do autor para propor um estudo sobre o “hiper” do hipertexto, ou
seja, o que o autor pretende com o texto?
O que
motivou o autor foi a necessidade de entender melhor o hipertexto como objeto de estudo da linguística;
sua produção; recepção e sua usabilidade; esta, relacionada ao hipertexto enquanto produto
tecnológico.
Pois, segundo ele, dependendo da visão que tivermos do
hipertexto, isso trará implicações aos papeis que atribuímos aos autores e
leitores de textos. E, que a
generalização do termo “hipertexto” explorado na internet, por exemplo, se
aproxima muito dos textos impressos, deixando assim de explorar outras linguagens multimodais e demais
possibilidades técnicas dos hipertextos.
Com isso, o autor propõe que o texto
dentro de um hipertexto seja algo processual, aquilo que o leitor elegeu
para ser lido a partir de links disponibilizados no hipertexto.
2-
Quais
questões o autor discute? Enumere-as e comente-as, dando sua opinião e
acrescentando ou refutando seus argumentos.
As questões que o autor discute
nesse trabalho são:
1- Compreensão
do hipertexto e suas características constituintes fundamentais.
2- As
relações entre texto e hipertexto.
3- Os
elementos diferenciadores do hipertexto.
4- As
consequências do hipertexto para escrita
( autoria) e a produção de sentidos em hipertextos multimodais.
Comentário
1-
Segundo o autor, desde os anos 60 a linguística vem tentando explicar a
textualidade do texto, ou seja, o que faz o texto ser considerando um texto. O
autor cita que o conceito de texto (
segundo Coch, 2005) depende das concepções que se tenha da língua do sujeito,
língua como código a ser desvendado e sujeito como conhecimento de mundo, assim
o texto é um instrumento de comunicação, interação e lugar de construção de
sentidos. Há nesse contexto, a necessidade de uma melhor compreensão de
questões ainda não resolvidas pela
linguística a respeito do texto para depois tentar entender o processo
de construção de sentido em um hipertexto.
2-
Há estreita relação de texto com hipertexto, do
ponto de vista da recepção cognitivo, todo texto é um hipertexto. Quatro são os
fatores relevantes do texto e do hipertexto: Intertextualidade ( nenhum texto pode existir sozinho), Informatividade ( o fato novo, o
desconhecido), Situcionalidade (
mensagem que o texto comunica, relação com situação) e Topocidade ( sequencia de tópicos colocados pelo autor). No caso do hipertexto, o leitor perde a noção
de totalidade do texto nesse fator. Nesse sentido, a noção de contexto pode
mudar.
3-
Os elementos que diferenciam o hipertexto de um
texto são o fato de o hipertexto só existir em um espaço virtual e de ter
que existir a presença de links que dão
acesso a outros textos.
4- As
consequências do hipertexto para escrita é que ele facilita, amplia ou modifica
a natureza da leitura e os papeis do autor e do leitor, ambos com mais poderes
para construir sentidos em diferentes modalidades de linguagem.
3-
Quais
os autores/obras que ajudam o autor a fundamentar sua argumentação? É possível
fazer um quadro seguindo critérios de posicionamento de cada um deles?
Autores que contribuíram com o autor na fundamentação de sua
argumentação sobre “O “HIPER” DO
HIPERTEXTO E OUTRAS QUESTÕES”.
.
Braga e Ricarte (2005)
|
propõem uma explicação para a
abrangência conceitual do termo hipertexto, lembrando que ele surge de
conceitos técnicos de recuperação de arquivos digitais viabilizada por linguagens como o HTML13 e o XML14 e
não de reflexões linguísticas.
|
Perfetti (“Text and
Hypertext”, 1996)
|
Perfetti, ao iniciar sua reflexão sobre a relação entre
texto e hipertexto, pergunta: o há de mais além do prefixo hiper- no
hipertexto?.
|
(RADA,1991)
|
(...) o prefixo hiper- tenha vários
significados, e que ele não se refere, necessariamente, ao sentido de
superior ou melhor.
|
Miall (1998)
|
(...) diz que devemos partir do que sabemos
sobre leitura e escrita de textos impressos e os processos psicológicos que
as embasam para verificarmos de que maneira o hipertexto muda ou impacta
esses processos.
|
Rouet & Levonen (1996)
|
(...) na buscam de semelhanças do texto e hipertexto, e
retomam o percurso de muitos pesquisadores, justificando sua escolha devido à
falta de fundamentação teórica disponível.
|
Koch (2005
|
Busca
também as semelhanças entre texto e hipertexto (...) ao comparar, assim como
Rouet e Levonen, as notas de rodapé e as referências feitas no texto
acadêmico impresso com os links e à liberdade do leitor em interromper a
leitura no momento em que quiser para ler ou consultar as notas.
|
Lemke
(2002)
|
Para ele,
“o hipertexto difere radicalmente do texto impresso na medida em que oferece
ao leitor apenas unidades de informação com possibilidades de trajetórias e loops
sem que haja um eixo narrativo ou argumentativo
que os relacione entre si de forma seqüencial”.
|
Marcuschi
(2006)
|
(...)
defendendo um ponto de vista que me parece demasiadamente amplo sobre o que é
que hipertexto que, por explicar tudo, acaba não explicando nada.
|
(LANDOW,
1997; SNYDER,1998),
|
(...)desnecessária
a adjetivação hipertexto eletrônico e incorreta a denominação de proto-hipertexto,
adotada por alguns autores posto que o hipertexto nasceu com os recursos da
eletrônica.
|
Vieira
(2002)
|
(...) certamente,
alargarão as fronteiras das pesquisas linguísticas nessa área e nos ajudarão
a compreender seus limites e possibilidades, como também é o caso do presente
trabalho de pesquisa.
|
Beaugrande
(1997)
|
como princípios de acesso e não de boa
formação textual, Entre tais princípios,27. caberia mencionar a intertextualidade, a
informatividade, a situcionalidade, a topicidade, a relevância e a
coerência.”
|
4-
Qual a crítica que o autor faz a respeito das
mudanças de foco nas pesquisas sobre hipertexto e sobre os modismos acadêmicos?
O autor critica a mudança de foco
nas pesquisas sobre hipertexto no
sentido que, os modismos acadêmicos não estão direcionando os estudos sobre hipertextos para linha da
linguística como deveria ser. Suas pesquisas têm se restringido, muitas vezes, na tentativa de caracterizar o hipertexto, relacionando-o
a conceitos técnicos, à sua usabilidade, deixando de lado suas
características linguísticas. Não se preocupando assim, em chamar a atenção para diferentes
possibilidades inovadoras de construção de sentidos, nas diversas modalidades de linguagens que compõem um hipertexto.
5-
O que
ou em que as pesquisas na área de Linguística Aplicada e Linguística de Texto
deveriam se ater para estudar o hipertexto? Quais questões estão em aberto,
segundo o autor?
Segundo o autor, as pesquisas na
área de Linguística Aplicada deveriam se
ater às discussões, estudos e, especialmente, a experimentos na área da leitura
e escrita em ambientes pedagógicos ou não, para que possamos compreender melhor o hipertexto e como se dão
os processos de autoria e, de construção de sentido.
6-
É
possível fazer um quadro entre as semelhanças e diferenças entre texto e
hipertexto? Discuta essa possibilidade e proponha um quadro. Acrescente uma
coluna com suas próprias observações e comentários a respeito de cada item.
Segundo o autor, há diferenças e
semelhanças entre o texto e o hipertexto, ele nos apresenta alguns autores
que têm se debruçado sobre esse assunto.
|
||
Segundo ele, “Rouet & Levonen (1996) partem para uma
comparação entre texto e hipertexto buscando as semelhanças entre eles. Para isso, eles “retomam referencias de outros pesquisadores justificando sua
escolha devido à falta de fundamentação teórica disponível. (...). Assim,
para eles, no hipertexto, as informações são colocadas em “páginas” e há
também um índice”.
|
||
“Koch (2005) complementa a ideia
“ao comparar, assim como Rouet e Levonen, as notas de rodapé e as referências
feitas no texto acadêmico impresso com os links e à liberdade do leitor em
interromper a leitura no momento em que quiser para ler ou consultar as
notas”. (...) Koch, analisando outros tipos de textos, tais como textos
acadêmicos, notícias jornalísticas, livros didáticos, revistas de divulgação
científica e, em graus diversos, para muitos outros gêneros textuais,
inclusive os dicionários e enciclopédias, é comum encontrar boxes, gráficos,
tabelas, fotos e ilustrações aos quais o texto de fundo remete e que o leitor
poderá ler para obter uma visão mais completa do que está acontecendo para
construir a sua interpretação do fato”.
|
||
Lemke (2002) são mais radicais ao
apontar as diferenças. Para ele, “o hipertexto difere radicalmente do texto
impresso na medida em que oferece ao leitor apenas unidades de informação com
possibilidades de trajetórias e loops sem que haja um eixo narrativo
ou argumentativo que os relacione entre si de forma sequencial”.
|
||
“Marcuschi (2006) também toma
atitude radical, defendendo um ponto de vista que me parece demasiadamente
amplo sobre o que é que hipertexto que, por explicar tudo, acaba não
explicando nada. Para ele “o hipertexto não é um fenômeno do meio
estritamente eletrônico ou exclusivamente do mundo digital...” (p.186)”.
|
||
“Braga (2004, p. 146) já defende
uma postura mais moderada, pois, para ela, o hipertexto é uma continuidade do
texto impresso; diz a autora que: a organização estrutural do hipertexto
recupera e expande formas de relações inter e intra-textuais já exploradas
nos textos impressos, principalmente os de natureza acadêmica.
|
||
No entanto, segundo a autora, há
uma diferença fundamental: na tela, essas ligações vão além de expansões ou
relações secundárias e passam a ser centrais na estruturação do texto”.
|
||
“LANDOW, 1997; SNYDER,1998)(...)
“torna desnecessária a adjetivação hipertexto eletrônico, e incorreta a denominação de proto-hipertexto,
adotada por alguns autores. (Landow, 1997, por exemplo), posto que o hipertexto
nasceu com os recursos da eletrônica”.
|
||
Segundo o autor,
o que percebemos é que as opiniões sobre as semelhanças e diferenças entre
texto e hipertexto apresentam pontos de vista que revelam diferentes olhares
sobre o hipertexto.
Quadro comparativo
|
||
Semelhanças
entre texto e hipertexto
|
Diferenças entre texto e hipertexto
|
|
Texto e hipertexto
|
Texto
|
hipertexto
|
• Informatividade
• Situcionalidade
• Topicidade
• Intertextualidade
• Flexibilidade
• Multimodalidade
• Usabilidade
• Relevância
• Coerência
|
• Ler e escrever em diferentes suportes
• Com noção de totalidade
• Organização sequencial
•Unidimensional
|
• Ler e escrever somente em ambiente virtual
• Sem noção totalidade
• Presença de links
• Ideia de espaço hiperbólico
• Organização não sequencial
• Amplia as
possibilidades do leitor
• Rapidez de acesso à informação
• Abertura textual
• Multidimensional
|
7-Acrescente seus
comentários, dúvidas e interesses nesse guia de leitura.
Esse guia de estudos direcionou os estudos de forma a explorar
e entender bem o texto.
Muito bom!
Texto: TIPOS DE HIPERTEXTO
1-
Qual
é a definição de hipertexto adotada pelo autor?
Segundo o autor, hipertexto é uma modalidade linguística
que utiliza formas alternativas de construção textual que buscam contornar as
dificuldades impostas à leitura do texto na tela e também explorar os recursos
oferecidos pelo meio digital. O hipertexto guarda semelhanças com o texto
impresso e também algumas diferenças.
Pode-se dizer, então, que o
hipertexto representa uma continuidade da linha da oralidade, escrita, e
escrita hipertextual e que ele mantém um caráter de hibridismo, como esclarece
Braga, decorrente do meio que demanda uma nova modalidade linguística: a
escrita digital ou escrita eletrônica.
Assim, a definição de hipertexto ou
a visão que se tem dele depende, em grande parte, da área de estudo de quem o
define.
Finalizando a conceituação de
hipertexto, adotada neste trabalho, acrescentamos sua existência exclusivamente
eletrônica e a presença incondicional de links.
2-
Qual
a discussão terminológica em relação a “texto” e “documento”? Há outras
questões terminológicas que você poderia inserir nessa discussão? Quais?
Um texto é uma ocorrência linguística,
escrita ou falada de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e formal. É uma unidade de linguagem em uso. No caso de
textos virtuais, no
sentido estrito, o texto é algo processual, ele é aquilo que o leitor leu a
partir dos links, e não todos os segmentos disponibilizados e possíveis
de serem acessados, mas que não o foram.
Já o documento
pode definido como qualquer registro de informações, independentemente
do formato ou suporte utilizado para registrá-las. Os documentos virtuais são os textos acessados por meio dos links no
hipertexto que podem ser baixados ou
transferidos com extensão TXT, DOC, XLS,
PPT, JPG etc.
3-
O que
são hipertextos abertos e fechados? Exemplifique.
Os hipertextos fechados
são aqueles em que todo o conteúdo se encontra armazenado numa única unidade de
armazenamento (CD-ROM, por exemplo) ou servidor, e os links só podem ser feitos
entre documentos residentes no mesmo servidor.
Já os hipertextos
abertos são os que os conteúdos podem estar distribuídos em vários repositórios
ou servidores (Web, por exemplo), isto é, encontra-se fisicamente distribuído e
é possível fazer referências (links) entre documentos armazenados em servidores
distintos.
Para Snyder, os hipertextos podem classificados em quatro tipos:
a) os
fechados, como o HyperCard;
b) os
que são fundamentalmente sistemas de distribuição, como a www;
c) os
que só permitem leitura;
d) os que permitem ao usuário acrescentar textos, links
ou ambos.
4-
Quais
são os modelos de hipertexto que o autor comenta? Obtenha, na internet,
exemplos de cada modelo e comente sobre sua pesquisa (dificuldades e
facilidades).
os fechados, como o
HyperCard exemplo na figura abaixo
os que só permitem leitura; os que permitem ao usuário
acrescentar textos, links ou ambos.
5-
Qual
a importância da pesquisa sobre tipos de hipertextos para as ciências
linguísticas?
Conhecer os
tipos e as estruturas de hipertextos é
de fundamental importância para as ciências linguísticas, pois esses tipos, as
estruturas de construção hipertextual influenciam na construção dos sentidos de
leitura. Segundo Braga (2003), o hipertexto é uma modalidade linguística que
utiliza formas alternativas de construção textual que buscam contornar as
dificuldades impostas à leitura do texto em tela e também explorar os recursos
oferecidos pelo meio digital que exploram e incorporam outros recursos, outros
modos de representação, com isso, se faz
necessário acrescentar o termo multimodal ao hipertexto. É preciso que as ciências linguísticas apreendam essas novas estruturas de construção textual semântica.
6-
Qual
a importância da pesquisa sobre tipos de hipertextos para o ensino e para da
leitura e da escrita de hipertextos
Assim como como
devemos dominar as estruturas dos tipos de documentos ( como exemplo uma carta,
um parecer etc) para melhor construir e veicular a mensagem na construção de
sentidos comunicativos, por isso, devemos
dominar o conhecimento dos tipos e estruturas dos hipertextos, pois eles
nada mais são do que veículos comunicativos, os quais devemos saber ler e
interpretar esses meios comunicativos.
7-
Qual
a importância da pesquisa sobre tipos de hipertextos para o desenvolvimento das
habilidades de leitura de hipertextos?
A pesquisa é a
ferramenta de construção de conhecimento, nesse sentido, é de fundamental
importância que ela construa saberes
dos variados tipos de hipertextos para o desenvolvimento das habilidades de
leituras dos diversos modos de hipertextos.
8-
Qual
deve ser o papel da escola com relação ao ensino da leitura e da produção de
hipertextos?
O papel da escola é o de
desenvolver os conhecimentos e habilidades dos educandos
nas diversas formas de linguagem. Ensinar a ler produzir hipertextos nos dias de hoje é tão
fundamental quanto à alfabetização do aluno. Pois, o mundo contemporâneo exige que as pessoas
sejam capacitadas para interagir também no mundo virtual, para isso devemos saber dominar as ferramentas que
nos possibilitam essa interação.
Texto: A TEXTUALIDADE DO
HIPERTEXTO
1-
Quais
as visões de texto e de leitor comentador por Koch? Em qual você mais se
encaixa como leitor(a)? E como professor(a)?
1ª perspectiva, nessa, Ingedore Coch vê o texto como resultado (
produto lógico) do pensamento humano, cujo leitor é um ser passivo que acolhe esse resultado.
2ª perspectiva, ela vê o texto como código e, portanto, mero
instrumento comunicativo do sujeito (pré) determinado pelo sistema, sendo o
texto que ele escreve é visto como mero produto da decodificação de um emissor.
Esse texto é totalmente explícito e o leitor é um decodificador passivo.
3ª perspectiva, concepção interacional (dialógica) de língua,
Koch nos diz que nela os sujeitos são vistos como atores/construtores sociais,
o texto passa a ser considerado o próprio lugar da interação e os
interlocutores, como sujeitos ativos que – dialogicamente - nele se constroem e
são construídos. Dessa forma, há lugar no texto para toda uma gama de
implícitos.
Eu me encaixo na primeira na terceira perspectiva de Coch
relação ao de texto, como leitora
e como professora. Porque, ao construir
um texto, percebo que ele representa muito mais do que um produto
lógico de comunicação. Nele existem muitos outros sentidos nas “entrelinhas”
de um conjunto de palavras, não um mero conjunto de palavras. Não acredito
nessa visão de leitor/ouvinte passivo. Isso parece estar tão longe, perdido no
passado, se é que existiu um dia.
O processo de produção de texto é
interacionista, passa também pelo
ouvinte. Quando criamos um texto, nós o
fazemos pensando em quem vai ler ou ouvir nosso texto. Nesse sentido, segundo
Coch, o texto passa a ser considerado o
próprio lugar da interação e os interlocutores, como sujeitos ativos que –
dialogicamente - nele se constroem e são construídos.
2-
É
possível estudar o hipertexto como discurso (3ª. Perspectiva mencionada por
Koch)? Quais as implicações?
Sim, pois o hipertexto não foge ao
conceito de texto que segundo Coch, o
texto é visto como um evento dialógico,
de interação entre sujeitos sociais – contemporâneos ou não, co-presentes ou
não, do mesmo grupo social ou não, e em diálogo constante. Nesse diálogo os
sujeitos se constroem e são construídos.
No caso do hipertexto tem a
implicação de não haver limitação do
interlocutor, que pode ser qualquer um desde que conectado à rede, já que o
hipertexto não constitui um texto realizado concretamente, mas apenas uma
virtualidade.
3- Quantos e quais são os elementos de
textualidade de um texto impresso e como eles se relacionam, teoricamente, com
o hipertexto? Faça um quadro que mostre essas relações e acrescente seus
comentários.
Elementos
de textualidade de um texto
|
||||
Texto
|
Hipertexto
|
Comentário
|
||
* Intertextualidade
* Informatividade
* Situcionalidade
* Topicidade
* Relevância
* Coerência.
|
Intertextualidade
Informatividade
Situcionalidade
Topicidade
Relevância
Coerência
|
Os elementos do texto
também fazem parte dos hipertextos, mas há caso que esses elementos podem
interferir na semântica da textualidade no caso do hipertexto por se tratar
de um texto hibrido multimodal, por exemplo o elemento Intertextualidade que surgiu da ideia de que nenhum texto pode
existir sozinho. Nesse sentido, esse
elemento se encaixa também ao hipertexto, cuja essência é a
intertextualidade, múltiplos textos acessados por meio dos links. Diferente
do texto que a intertextualidade está dentro do próprio texto impresso.
|
||
sábado, 27 de setembro de 2014
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Memoria da 2ª aula da disciplina Seminário: hipertextos e gêneros digitais. -17/09/2014
Na segunda aula discutimos os conceitos de hipertexto dentro do estudo da linguística. Analisamos o texto “Breve histórico do hipertexto”. Esse texto cita a inicio da trajetória do hipertexto.
Percebemos que os documentos, ao longo da história, passaram por diferentes formatos de suportes de impressão e técnicas de guarda: códex, papiro, rolos e outros, e que diferentes autores desenvolveram técnicas de arquivo e guarda. Cito aqui alguns: Melvi Dewey desenvolveu o método denominado CCD - codificação decimal de Dewey. Vannevar Bush desenvolveu o Memex, semelhante a memória, e, por essa ideia de Bush surgiu, em 1960, por Theodore Nelson ( Ted Nelson) a ideia de hipertexto com o projeto XANADU, o primeiro hipertexto, o texto elástico.
•Douglas Engelbart traz o conceito do mouse e múltiplas janelas, ideia que depois foi utilizada por Bil Gates para desenvolver o sistema de hipermídia.
• Tim Berners-Lee o Word Wide Web (1991) hipertexto aberto.
• Guattari e Deluze o conceito de internet com estrutura de rizomática.
•Os conceitos de LAN, WAN, LAN e o LINK , elementos fundamentais para o hipertexto.
Por fim analisamos o texto DESAFIOS DO TRABALHO COM HIPERTEXTO NA ESCOLA:
APONTAMENTOS SOBRE UMA ATIVIDADE PRÁTICA, de autoria do professor Dr Luiz Fernado Gomes. Nesta análise fizemos uma reflexão sovre o trabalho proposto pelo professor na primeira aula, o qual consistiu em uma produção de restextualização com materia de jornal.
A aula transcorreu como de costume, de forma descontraída e construtiva, o professor Luiz Fernando nos possibilita bastante troca entre turma.
domingo, 21 de setembro de 2014
Memoria – primeira aula 03/09/2014.
Seminário: hipertextos e Gêneros Digitais – disciplina ministrada pelo Professor Dr Luiz Fernando Gomes - UFAL/AL.
A primeira aula ministrada pelo professor Luiz Fernando aconteceu de uma forma bastante descontraída, pois ele é bastante simpático e comunicativo.
Confesso que naquele dia cheguei para assistir à aula um pouco apreensiva, afinal, não entendia do conteúdo da disciplina. Há muito leio hipertexto, mas nunca parei para pensar no seu formato, no seu conceito.
O Professor fez a introdução da disciplina, explicando os principais pontos dos conteúdos do curso, de forma descontraída, isso ajudou bastante para eu me sentir mais a vontade e integrada à turma, onde a maioria está estudando linguística. Eu, de outra área, estava meio que me sentindo uma "estranha no ninho". Mas, tudo bem. Cara e coragem.
No transcorrer da aula não tive dificuldade de entender o que o professor estava explicando, os conceitos de texto, hipertexto, multimodalidade, suas diferenças, suas semelhanças.
O professor pediu que nós nos apresentássemos. Cada qual se identificou dizendo qual a expectativa em relação a disciplina. Nisso, percebi que minha expectativa em relação à disciplina não era diferente dos demais colegas, que é: entender a relação do texto, hipertexto e imagens na busca de sentidos de leitura e escrita em ambientes virtuais.
No decorrer da aula, o professor nos ofereceu alguns materiais, (jornais, tesoura, cola) e pediu que nós, em dupla, produzíssemos um hipertexto conforme os conceitos explanados na introdução da disciplina, no inicio da aula. Eu e uma colega de curso fizemos um trabalho composto de colagem de imagem e texto, seguindo nosso entendimento de do seria um hipertexto. Pensei que nossa composição era um hipertexto cheio de sentidos, ledo engano.
Depois, na aula seguinte, segunda aula, quando da interpretação do trabalho, e depois de ler alguns os artigos que discutem os conceitos de texto e hipertexto, percebi que fizemos uma retextualização, ou seja, construímos outro texto, mas não um hipertexto, na nossa composição. Nosso texto (composição) adquiriu outros sentidos, diversos do texto original da matéria do jornal. Conclui que compomos um novo texto, em uma outra contextualização e não um hipertexto, pois segundo Perfetti e outros autores, o hipertexto pressupõe relações de textos acessados através de links em ambientes virtuais.
Norberta Silva.
Escola-cidadã: espaço de promoção dos direitos humanos e diversidade
Eurípedes Norberta Silva[1]
Resumo
A identidade se caracteriza pelo conjunto de elementos físicos e culturais dos indivíduo. É ela que confere diferenças aos seres humanos e se evidencia na diversidade de contrastes de um indivíduo e outro. Com isso o ser humano se faz diverso. O respeito à diversidade tanto em termos individuais quanto coletivos é o elo que conduz relações pacíficas entre grupos diversos e povos. Sem isso, inevitáveis paradoxos acontecem, preconceitos, discriminação, exclusão ou ainda, a legitimação de um relativismo radical, no que se refere aos valores, o que fatalmente condena a idéia de tolerância. Educar para a diversidade do mundo contemporâneo legitima a construção do ser consciente de que, os seres humanos são iguais em direitos, e, diversos nas suas identidades. Nesse sentido, o espaço escolar é célula geradora de mentes libertas de intolerância e discriminação.
Palavras - chave: Identidade.Direito. Espaço educativo.
Maceió- Alagoas
2011
1 Introdução
Esta reflexão tenta trazer diferentes olhares de autores acerca da convivência dos indivíduo em suas relações.
As diferenças identitárias, a diversidade, muitas vezes geram conflitos culminam muitas vezes em intolerâncias, discriminações, em diferentes espaços de concivencia, principalemente no escolar.
Este trabalho tem o objetivo de trazer reflexões sobre espaço educativo como mecanismo de promoção dos direitos humanos e diversidade, na construção de relações pacíficas. E, ao mesmo tempo, buscar conceitos que elucidam os sentidos das relações humanas na formação do cidadão educado para uma sociedade híbrida e diversa.
A metodologia consiste na reunião de diferentes olhares buscando concepções sobre a construção de uma escola cidadã democrática, que promova à cidadania livre de preconceito, discriminação e intolerância.
Para iniciar essa reflexão faz-se necessário buscar alguns conceitos que sustentam à proposta deste estudo.
1.1 Identidade:
Para a Sociologia, Identidade é o compartilhar de várias idéias e ideais de um determinado grupo. Alguns autores, como Karl Mannheim, elaboram um conceito em que o indivíduo forma sua personalidade, mas também a recebe do meio, onde realiza sua interação social.
1.1.1 Intolerância:
A intolerância é uma atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças em crenças e opiniões. A intolerância pode estar baseada no preconceito, podendo levar à discriminação.
1.1.1.1 Discriminação:
Discriminar significa "fazer uma distinção". Existem diversos significados para a palavra, incluindo a discriminação estatística ou a atividade de um circuito chamado discriminador. O significado mais comum, no entanto, tem a ver com a discriminação sociológica: (conceitos extraídos da enciclopédia livre Wikipedia).
2 Escola- espaço de construção de consciências ética-cidadã-diversa
O espaço escolar é uma célula que gera conhecimento em um processo transformador continuo do indivíduo. Seus atores se desenvolvem nas suas especificidades diversas. Os seres se diferem em suas características físicas hereditárias, culturais e de linguagem.
A linguagem corporal confere o modo de agir do indivíduo, a psicológica resulta na sua personalidade e maneira de pensar e interagir com o outro por o meio da fala, dos símbolos e dos signos. Assim, os sentidos identitários se constroem no indivíduo. O que distingue um ser de outro, além dos traços físicos herdados, é a linguagem prática tanto cognitiva quanto social, aspectos esses que lhe permitem compreender e expressar em diálogo simultâneo, suas diversidades.
Mas o que torna diferente as diferenças? Essa é uma questão que toma tempo na dialética dos fisofosos modernos. Segundo Mikhail Bakhtin(apud Elichirigoity, Maria Teresinha Py. A formação do sentido e da identidade na visão bakhtiniana), A diferença está na “possibilidade de abranger diferenças numa simultaneidade”. Assim, as diferença são forças interativas que necessitam ser conciliadas, a fim de evitar conflitos. Nesse sentido, faz-se necessário compreender que o processo de interação social é permanentemente conflituoso. Nem sempre é possível conciliar, abranger as diferenças das pessoas nesse jogo interativo de interesses. Os conflitos surgem de maneira quase que inevitável pela falta de tolerância do diferente presente em cada indivíduo, esse ser social permeado de sua cultura.
"a posição de cada indivíduo estaria definida conforme o espaço a ele destinado em um determinado ambiente sociocultural (...). Muito da sua dificuldade de inserção social e de expansão de seus horizontes de realização decorre do seu enquadramento num espaço ínfimo para ele reservado e por ele ocupado no cenário social" (CMARQUES, 2001, p. 34).
A sociedade na sua composição diversa, muitas vezes de sentimentos egocêntricos, os indivíduos muitas vezes não conseguem manter pacíficas relações livre de intolerância e discriminação.
Paulo Freire, na sua pedagogia nos sugere pensar sobre tolerância como mecanismo de aprendizagem e relações harmoniosas.
A tolerância genuína,(...) não exige de mim que concorde com aquele ou aquela a quem tolero ou também não me pede que a estime ou o estime. O que a tolerância autêntica demanda de mim é que respeite o diferente, seus sonhos, suas idéias, suas opções, seus gostos, que não o negue só porque é diferente. O que a tolerância legítima termina por ensinar é que, na sua experiência, aprendo com o diferente.(FREIRE, 2005 p. 24)
Nesse sentido, a Escola é um espaço fundamental de educação, socialização e inclusão, que constrói o conhecimento desenvolvendo o ser humano na diversidade do mundo. É nela que se cria a consciência do papel que cada indivíduo deve desempenhar na sociedade e na vida, respeitando os princípios da igualdade e solidariedade, por isso deve a escola ser uma instituição que promova a inclusão social. Na visão de (STANBACK, 1999) a igualdade é o fundamento do ensino livre de exclusão.
“Sem dúvida, a razão mais importante para o ensino inclusivo é o valor social da igualdade. Ensinamos os alunos através do exemplo de que, apesar das diferenças, todos nós temos direitos iguais. Em contraste com as experiências passadas de segregação, a inclusão reforça a prática da idéia de que as diferenças são aceitas e respeitadas. Devido ao fato de as nossas sociedades estarem em uma fase crítica de evolução, do âmbito industrial para o informacional e do âmbito nacional para o internacional, é importante evitarmos os erros do passado. Precisamos de Escolas que promovam aceitação social ampla, paz e cooperação.”(STAINBACK, 1999, p. 26 e 27)
O processo educativo deve ser baseado na cultura das relações solidárias e pacíficas de modo a gerar consciência de alteridade nos indivíduos. E isso só será possível se for adotado práticas educativas de promoção e fortalecimento dos direitos humanos no espaço escolar, no sentido de construir uma rede de apoio para enfrentamento de todas as formas de exclusão, discriminação e intolerância, formas essas que violam os direitos da pessoa humana e macula sua dignidade.
O mestre Paulo Freire nos ensina que: “ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação”. Disso, surge a necessidade de a educação partir da consciência dos direitos que a pessoa humana possui para alavancar a construção do conhecimento e de uma sociedade justa e solidária. Segundo (SILVA, 1995):
“A educação em Direitos Humanos deve lidar, necessariamente, com a constatação de que vivemos num mundo multicultural. Assim, a educação em Direitos Humanos deve afirmar que pessoas com diferentes raízes podem coexistir, olhar além das fronteiras de raça, língua, condição social e levar o educando a pensar numa sociedade hibridizada.” (p. 97)
A escola é um espaço que tem como função social educar seu público para formar uma sociedade para a a paz do mundo. Nesse sentido, o Brasil urge por Escolas Cidadãs Democráticas, conscientes que devem oferecer um espaço de costrução de cidadania aos seus educandos; um espaço que compreenda e respeita à diversidade que se manifesta no contexto sociocultural que ela está inserida. Que promova a construção do saber e também os direitos humanos de forma democrática. Assim (MORIN, 2001) define à democracia:
A democracia é um sistema complexo de organização e de civilização política que nutre e se nutre da autonomia de espírito dos indivíduos, da sua liberdade de opinião e de expressão, do seu civismo, que nutre e se nutre do ideal Liberdade/Igualdade/Fraternidade(...)(MORIN, 2001 p. 108)
É necessário pensar o espaço-escola como sendo centro formador de pessoas tolerantes, cidadãs e autônomas, libertas de qualquer forma de ação que possa atentar contra do próximo.
3 considerações finais
As diferenças identitárias não podem, portanto, ser ponto de convergência para gerar conflitos nas relações humanas. O mundo necessita de escolas educativas, inclusivas, que promovam cidadania e os direitos dos homerns e das mulheres, pessoas humanas, dignas. A prática educativa inclusiva deve partir de escolas cidadãs, onde a igualdade de direito das pessoas seja a base da construção do saber e do desenvolvimento humano. Para tanto, a educação para diversidade é o caminho mais viável na construção de uma sociedade justa, cidadã, solidária e democrática.
Referencias:
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 4 ed.São Paulo/Brasília: UNESCO, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1987. Da tolerância, uma das qualidades fundantes da vida democrática. In: Pedagogia da tolerância. São Paulo: Editora UNESP, 2004.
SILVA, Humberto Pereira da .Educação em direitos humanos: conceitos, valores e hábitos. Dissertação de mestrado – SP – 1995.
STAINBACK, Susan e STAINBACK, William. Trad. Magda França Lopes. Inclusão –um guia para educadores. Porto Alegre: Artes médicas Sul, 1999.
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[1] Documento produzido pelo Núcleo de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Diversidade EAD da Universidade Federal de Alagoas- UFAL
Licenciada e Bacharelada em Artes Visuais pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU e Membro do Núcleo de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Diversidade EAD da Universidade federal de Alagoas- UFAL.
domingo, 14 de setembro de 2014
DO BARRO NASCE ARTE QUE CRIA HISTÓRIAS E GUARDA MEMÓRIAS
DO BARRO NASCE ARTE QUE CRIA HISTÓRIAS E GUARDA MEMÓRIAS.
Eurípedes Norberta da Silva
(UFAL/ICHCA)
RESUMO
Neste artigo discutimos a importância das representações imagéticas do trabalho do artista plástico ceramista, Mestre Vitalino, para a cultura popular brasileira; a cerâmica artística como patrimônio cultural; a arte como artefato social de memória, dos costumes e da cultura popular, em especial, do povo do interior do agreste pernambucano.
Palavras-chaves: Arte; cerâmica; memória e cultura.
ABSTRACT
We discuss in this article the importance of imaging representations of the work of artist potter, Master Vitalino to Brazilian popular culture; cultural heritage; art as social artifact memory, customs and popular culture, in particular the people of the interior of rural Pernambuco.
INTRODUÇÃO
A socialização da arte é um veiculo bastante recorrente para conhecer e definir a cultura e a identidade de um povo.
Desde tempos remotos o homem se coloca, muitas vezes, de forma integral naquilo que faz e, isso, se revela com mais clareza na expressão artística.
O tempo passa, mudam os meios de comunicação e expressão, mas a essência da alma humana continua expressando da mesma forma, seus anseios, medos, costumes, memórias, sua cultura. É por esse viés que vamos discutir o trabalho de Mestre Vitalino, esse artista ceramista que retrata a historia, os costumes e a memoria de seu povo, moldando o barro e transformando-o em arte, a arte da cerâmica, o barro que enrijece pelo calor do fogo, com isso, deixa de ser perene.
[...] Sem o saber, o Homem realizou, nesse longínquo momento, a
primeira reação de sinterização quando, pelo calor, proporcionou
aos minerais que integram a argila a necessária energia térmica
para desencadear todas as reações que a transformaram num
produto cerâmico. (FRASCO, 2000, p.9).
CERÂMICA, HISTÓRIA E MEMÓRIA NA ARTE CONTEMPORÂNEA.
Segundo Aristides Pileggi, a cerâmica é uma “arte universal que representa o espírito de cada época, narrando a marcha do homem sobre a terra, dando sinais de seus costumes e tendências nos mais diferentes povos” ( Poleggi,1958, p.3).
Não se sabe quando surgiu a cerâmica, [...] “O que se sabe, com total rigor histórico, é que, a partir do período neolítico, aparecem fragmentos de cerâmica a demonstrar, de forma inequívoca, a presença humana. Poder-se-á dizer, por isso, que o homem começou a “escrever”, no barro, a sua própria História”. (FRASCO, 2000, p. 9)
A arte remonta as mais antigas manifestações do homem, com os mais diferentes materiais, mas a arte no barro só deixou de ser perene após a descoberta do fogo. Foi quando o homem conseguiu transformar em cerâmica, pelo calor do fogo, suas imagens criadas no barro, artefato que pode vencer o tempo e, por isso, capaz de preservar histórias e guardar nossas memórias.
Além de guardar a sua própria história, o homem anseia buscar sentido para própria vida. Por isso ele faz arte, e, hoje, mais do que nunca, a arte expressa intimidade do ser. Pois, segundo CANTON:
Artistas contemporâneos buscam sentido. Um sentido que pode estar alicerçado em preocupações formais - intrínsecas à arte e que se sofisticaram com o desenvolvimento dos projetos modernistas do século XX -, mas que finca seus valores na compreensão (e na apreensão) da realidade, infiltrada dos meandros da política, da economia, da ecologia, da educação, da cultura, da fantasia, da afetividade. Em vez de uma arte per se, potente em si mesma, capaz de transcender os limites da realidade, a arte contemporânea penetra as questões cotidianas, espelhando e refletindo exatamente aquilo que diz respeito à vida. (CANTON, 2009, p. 35)
Nesse sentido, os desejos do homem estão sendo registrado no fazer artístico, no objeto de arte em toda parte do mundo; em qualquer linguagem artística; em toda forma de arte.
Segundo Spinelli, a arte pode ser considerada como um instrumento mediador de desejos:
Do artista, que de num lado, deflagra a constituição formal da obra e a do público receptor, que anseia pelas formas artística para realizar uma espécie de manobra visual da sua vida simbólica, vestígio de um desejo também criador. Em sua permanência, a obra de arte tem como atributo ser um veículo de mediação, de aspiração e desejo, prestando-se assim, como anteparo para mais de um sujeito: os sucessivos observadores, que poderão, a partir de sua materialidade, reencontrar estados de enlevo que faz acordar, num diapasão de emoções, lembranças e sentimentos (SPINELLI, 1998-99, p.11).
Falar de sentimentos, lembranças, desejos, memórias, é falar da obra de Mestre Vitalino. Mas, para isso é necessário entender a relação da arte com a cultura e como ela se constrói. Assim, buscamos alguns autores para nos ajudar elucidar essas questões.
A relação entre arte, história, memória e cultura é bastante estreita, pois a história muitas vezes se constrói por meio da memória, mas elas não se confundem como bem define, Le Goff, o papel da memória durante a história. Segundo ele, “A memória é onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado por vir o presente e o futuro (Le Goff, 1994, p. 477). Já Maurice Halbwachs em sua obra “ Memória coletiva” afirma que a memória individual não co-existe sem a memória coletiva, pois toda lembrança surge a partir de uma coletividade experimentada.
Percebemos isso quando analisamos a obra de Mestre Vitalino. A arte desse artista é incrustada de histórias; histórias individuais e coletivas que vão se construindo em um tecido de suas próprias memorias. Memorias dos costumes, dos “modos”, dos “jeitos” populares. Esse artista resguardou na cerâmica, artefato milenar, traços de nossa cultura, patrimônio imaterial de nossa identidade.
Depois de dialogar com esses autores, podemos dizer que o Mestre Vitalino, mesmo sem ter conhecimento acadêmico sobre arte no seu tempo, por intuição e sensibilidade foi um exímio expressionista na arte popular. Ele foi um artista que retratou de forma singular e genuína a cultura do seu povo na sua obra, os seus desejos e os dos sucessivos expectores contemporâneos de sua arte.
CONHECENDO O ARTISTA VITALINO, O RETRATISTA DO COTIDIANO NORDESTINO.
O Mestre construindo sua obra.
Vitalino Pereira dos Santos, homem simples da cidade de Caruaru, região agreste pernambucano, cresceu modelando no barro o cotidiano do nordestino, e com isso, se tornou um dos artistas ceramistas mais importantes do Brasil.
A originalidade de sua arte influenciou gerações de artistas ceramistas que hoje tem uma produção que transformou a pequena Caruaru, cidade natal de Vitalino, em destaque mundial na arte popular figurativa.
“ Mestre Vitalino”, assim chamado pelos seus discípulos, nasceu em 10 de junho de 1909. Filho de pai lavrador e mãe ceramista, iniciou sua arte modelando bonecos (seus brinquedos) ainda criança bem pequena. Fazia isso, usando as sobras de barro das peças utilitárias que sua mãe modelava para vender na feira.
Segue aqui o relato do escultor ceramista, Severino, filho de Mestre Vitalino: “Meu pai começou a trabalhar quando criança, aos seis anos... Foi quando ele criou sua primeira peça, um boi... Mas ele fazia boi em casa para brincar, depois criou “o caçado do gato maracajá” . Aí veio uma senhora lá do Recife e comprou essa peça dele, aí ele foi fazendo mais e mais peças, até chegar a cento e dezoito trabalhos”.
O menino Vitalino, além de construir bonecos de barro também gostava de tocar pífano. Lidando com barro e com pífano ele foi crescendo. Tornou-se mais tarde um talentoso artista do barro e da música.
A respeito disso, o escritor Ariano Suassuna faz uma reflexão dizendo: “Eu sempre achei que o problema do ritmo estava muito presente na música e na poesia, é um problema ligado à todas as artes. Por isso, fiquei muito contente quando vi uma vez o grande escultor Vitalino dizer uma frase que nunca esqueci. Ele disse: “ Eu crio pela cadência eu faço o que vejo, mas também o que não vejo”. Esta frase “Eu crio pela cadência”, isto é, pelo ritmo. Essa é uma frase que fiquei tomado de tal admiração quando li, que eu tornei um dos lemas do meu trabalho de escritor”.
Com isso, percebemos que Vitalino trabalhava sua arte de forma interdisciplinar, inspirando outros criadores de arte de outras áreas. Ele construía suas imagens trazendo um dialogo das artes plásticas com música no arranjo de sua obra.
No final dos anos 40, Vitalino se mudou para o Alto do Moura, bairro de Caruaru. Lá ele começou ensinar sua arte aos ceramistas, que na época utilizavam o barro para fazer somente peças domésticas, utilitária. Foi neste período que ele recebeu o título de “mestre” dos seus alunos. No bairro do Moura, ele desenvolveu seu trabalho em um sistema de troca de experiência com seus alunos discípulos.
Seu trabalho abordou cento e dezoito temas ligados ao imaginário e a cultura popular nordestina. Em poucos anos Vitalino ficou conhecido por retratar na cerâmica o cotidiano do seu povo. Suas peças revelam hábitos, crenças, seca, migração, religião com muita expressividade e originalidade. Mas ele nunca se considerou artista. Para ele, sua arte era apenas um ofício que gerava renda para o sustento da sua família.
Mestre Vitalino faleceu em 20 de janeiro de 1963, vítima de varíola, no Alto do Moura, deixando um legado para seus filhos, filhos dos filhos e hoje mais de setecentos ceramistas moldam “bonecos” de barro, traduzindo e retratando a memória e cultura popular da região.
A obra de Mestre Vitalino ocupa espaço nos museus mais importantes do Brasil e do mundo. Nesse sentido, seu trabalho leva retratado nas imagens a nossa cultura para outras gentes, outros povos.
A arte tem esse poder, retratar e registrar as memorias dos “modos”, dos desejos de cada povo e, isso, está sendo registrado no fazer artístico em toda parte do mundo; em qualquer linguagem artística; em qualquer forma de arte.
A ARTE DE VITALINO, RETRATO DO COTIDIANO QUE CONTA HISTÓRIAS.
Para analisar o trabalho de Vitalino, é necessário fazer uma referência à palavra “representação”. Ela nos aponta para vários caminhos de sentidos. Aqui vamos usá-la no sentido de retratar, figurar, delinear, e, com isso, buscar sentidos reais do objeto retratado.
Nossa analise está desprovida de julgamento de juízo, é apenas uma tentativa de decodificar traços mnemônicos no arranjo da obra.
Para analisar um objeto artístico, o ponto de partida é, obviamente, olhar para ele. Olhar o tempo necessário para enxergar detalhadamente o que ele nos mostra. Nisso, interpretar seus códigos buscando sentidos na organização de seus elementos. Isso é o começo, mas não é tudo. É preciso confrontar o que foi visto e interpretado com um conjunto de referências sobre o artista, seu momento histórico, sobre a arte de seu tempo. Analisar a tradição construída no passado que o artista quis incorporar ou negar. No caso de Vitalino, ele quis incorporar na sua obra às tradições do seu povo no arranjo de sua obra.
Associar arte, história e memória parece ser uma forma bastante recorrente na composição de um histórico-cultural-social na contemporaneidade. Nesse sentido, a análise da obra de Mestre Vitalino aqui abordada foge da interpretação iconográfica da imagem. Nossa análise é uma busca de sentidos representados no objeto. Sentidos de memória e de cultura, matérias-primas da poética do artista Mestre Vitalino.
A obra em analise retrata de forma singular os “jeitos” e os costumes do povo nordestino. Vitalino criou na sua poética uma narrativa visual que expressa a vida do homem do campo, das vilas do nordeste pernambucano.
O trabalho de Mestre Vitalino tem importância fundamental para a cultura. Sua obra representa uma brasilidade que dá identidade à arte popular, nos identifica como nação, valorizando nossas as raízes, a essência da cultura brasileira.
A obra desse artista é atemporal, pois, retrata temas muitas vezes universais do cotidiano. Temas comuns que se tornam sempre vivos por inspirar novos artistas e seguidores do estilo de Vitalino. Isso faz com que “o jeito Vitalino” de expressar e representar a cultura passa ser a “técnica” adotada por esses artistas para retratar os “modos” do povo nordestino de hoje e do passado como o Mestre retratava.
Hoje a obra do Mestre da Arte Popular Nordestina tem reconhecimento de patrimônio cultural nacional, com obras expostas nos principais Museus do Brasil e também do exterior, representando a nossa arte genuinamente brasileira.
“Noivos a cavalo”- cerâmica policromada.Figura01
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=FqW2ZTuP0rk
“Os retirantes” – cerâmica polida. Figura 02
Disponível em: http://artedopovobrasileiro.blogspot.com.br/2013/05/mestre-vitalino.html
“Banda de pífano Metre Vitalino” – cerâmica polida. Figura 03 -
Disponível em http://artedopovobrasileiro.blogspot.com.br/2013/05/mestre-vitalino.html
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Para finalizar nossa discussão, podemos dizer que a Arte do artista ceramista Mestre Vitalino e a de seus discípulos representam a junção de arte, cultura e memória de um povo.
A arte desses artistas populares contam histórias de muitos costumes que ficaram no passado e muitos que ainda continuam no presente. Estes, sendo retratados por seus discípulos e seguidores.
É a arte da cerâmica, artefato milenar, traduzindo com fidelidade a cultura nordestina brasileira.
É o barro contando histórias e guardando memorias do cotidiano da cultura popular brasileira.
Assim, as histórias e as memórias vão sendo contadas ao longo do tempo.
Vão sendo guardadas na representação imagética produzidas por esses habilidosos artistas ceramistas, que fazem do barro matéria-prima de suas obras.
O retrato do cotidiano sendo registrado todos os dias de forma tão peculiar.
Retratos carregados sentidos; sentidos moldados, retratados e revelados pela arte desses sensíveis artistas populares.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬BERGSON, Pietro M. Memoria e vida. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
BOURRIAUD, Nicolas. Estética Realacional. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
CANTON, Katia. Do Moderno ao Contemporâneo. São Paulo: Martins
Fontes, 2009. FRASCO, A. (2000). Prefácio (pp 9-10). In 25 séculos de cerâmica. Lisboa, Editorial Estampa.
FISHER, Ernst. A Necessidade da Arte. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 1959.
HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Vértice, 1990
LE GOFF, Jacques. História e Memória. São Paulo: Editora da Unicamp, 2003.
PENIDO, Eliana; COSTA Silvia de Souza. Oficina: Cerâmica. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 1999.
SPINELLI, João J. Arte pública subsídio para a pesquisa em artes visuais. In: Artes Visuais – pesquisa hoje. Salvador: UFBA. 2001.
Pesquisa eletrônica/ Sites consultados
Casa Museu do Pontal
Disponível em: http://www.museucasadopontal.com.br/pt-br/mestre-vitalino
Cultura Nordestina
Documentário Mestre Vitalino
Disponívem em: http://www.youtube.com/watch?v=FqW2ZTuP0rk
Disponível em: http://culturanordestina.blogspot.com.br/2007/12/mestre-vitalino-biografia.html
Mestre Vitalino.
Disponível em: http://artedopovobrasileiro.blogspot.com.br/2013/05/mestre-vitalino.html
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